Em 74, o meu pai tinha a idade que eu tenho agora e estudava em lisboa.
Vivia numa residência de estudantes do técnico, e quando acordou a notícia já corria: o mfa fazia comunicados na rádio "Aqui posto de comando do movimento das forças armadas", e pediam à população que se mantivesse calma e recolhesse às residências.
Em vez disso, saíram para a rua, o rossio, a baixa, o terreiro do paço. Havia chaimites e militares com armas na mão, ali no meio da cidade.
Subiram para o carmo. Gente por todo o lado, em cima dos bancos, da fonte, das árvores. Os militares diziam que não, os pides não viriam. O salgueiro maia, uns tiros, a revolução, ali no meio da cidade.
Diz-me o meu pai, e só sabe quem lá esteve assim, que se lembra de ser difícil encontrar um sítio para almoçar naquele dia. De ter fome e acabar por comer uma sandes na praça da figueira. Em liberdade, ali no meio da cidade.
Tinha a idade que eu tenho agora, há 32 anos.
houve realmente quem vivesse emocoes fortes... o feriado devia ser so para algumas geracoes!
ResponderEliminarOlha, e nunca tiveste uma certa nostalgia de ser mais velha para ter vivido esse dia dessa forma? Eu gosto da ideia de ser filha da Revolução, mas às vezes...
ResponderEliminarpercebo-te perfeitamente helena.
ResponderEliminaràs vezes.......