é a penúltima linha da minha morada, enquanto aprendo matemática no MIT.
terça-feira, março 06, 2007
distância
Uma pessoa embarca nisto de ir passar um número razoável de anos fora e sabe, mesmo que não saiba que sabe, que coisas vão acontecer nesses anos. Há-de nascer-nos gente (nascer-nos, assim mesmo, ainda que não a mim. Em Abril, por exemplo, vai nascer-me um primo, é isso que eu quero dizer), há-de morrer-nos gente, há-de casar-se gente e outras coisas assim importantes. É certo que se eu aí estivesse o mesmo aconteceria. Mas. O primo que me vai nascer, só lhe pego já bebé de meses. O outro priminho, a fazer-se gente, vejo-o de meio em meio ano, perguntam-lhe onde estou e responde "na amé-ica". O tio-(quase)-avô que me morreu há dois dias, não lhe fui ao funeral. Não chorei abraçada a quem chorou. Não olhei em volta, lá na terrinha, para os espaços onde coexisitmos, a deixar afundar a ideia de que já não estás aqui. Uma pessoa embarca nisto de ir passar um número razoável de anos fora e sabe, mesmo que não saiba que sabe, que um dia desses vai receber um telefonema a dizer "estou grávida" ou "já nasceu" ou "filhota, o titó faleceu" ou "vamos casar". E fica triste ou contente ou rebenta em lágrimas ou em gritos histéricos, por telefone. A milhares de quilómetros de distância.
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3 comentários:
percebo-te tao bem...
um xi apertado!
É verdade, tens toda a razão. Lembra-te porém de uma coisa, estás a "perder"muita coisa mas estás a ganhar muito também, não é?Claro que umas coisas não ocupam o lugar de outras e é sempre difícil mas penso que, pelo que por aqui contas, tens uma vida de fazer inveja!!! Quem me dera!!Fica bem e desculpa a intromissão...secalhar falei demais...
Prima, a distância é bem complicada! Não é só o estar longe da maternidade, ou do funeral... é o passar por esses momentos só, sem aqueles que conheceram quem já não está ou quem vai nascer. Que nos valha a existência de muitos como nós que do lado de cá passam por isto à distância.
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