é a penúltima linha da minha morada, enquanto aprendo matemática no MIT.

sábado, fevereiro 28, 2009

a minha vida dava um filme porno

Sábado, nove da noite.  Ela chega a casa, está sozinha, o namorado foi passar o fim-de-semana fora. Ela dá uma arrumação à casa, troca a roupa que usou o dia inteiro por qualquer coisa mais confortável, e faz aquilo que planeou desde a manhã: desce ao andar abaixo e toca à campainha do vizinho. O vizinho abre a porta, em tronco nu e descalço, cheira a perfume e só tem vestidas umas calças de ganga. O vizinho pergunta-lhe em que pode ajudar e ela explica que quer pendurar um quadro, mas não tem um berbequim, nem sabe usar um, será que ele pode passar lá por cima com o dele e dar uma ajuda?

A única coisa que tenho a dizer em minha defesa é que o vizinho é gay.

terça-feira, fevereiro 24, 2009

doença do movimento*

Lá me fui centrifugar numa cama rotativa, capacete e óculos com sensores, os olhos muito abertos em completa escuridão. A rotação da centrifugadora apenas produz uma gravidade artificial ligeiramente superior aos nossos costumeiros 9.8 metros por segundo quadrado. Nada de mais. 
O mais é quando começam as instruções para virar a cabeça para um lado e para o outro. Com cada movimento da cabeça, perco o equilíbrio, caio para trás em cambalhotas no ar, primeiro depressa, cambalhotas apertadas e depois cada vez mais devagar, mais largas, até que páro, miraculosamente de novo quase na horizontal. Obedeço âs instruções e viro a cabeça uma, duas, dez, vinte vezes, sempre de olhos bem abertos no escuro, e uma, duas, dez, vinte vezes respondo às perguntas repetitivas sobre o que estou a sentir, e então viro a cabeça só mais uma vez e um enjôo grande sobe-me corpo acima, invade-me tudo, respondo às perguntas só mais uma vez e respondo que sim, que quero parar. Não quero mais cambalhotas no ar, quero o mundo parado à minha volta, a gravidade a puxar para baixo, o meu cérebro a concordar com o que vêem os meus olhos, com o que lhes diz o líquido nos meus ouvidos, pobre líquido aos trambolhões ali dentro, quero ar fresco, quero parar.

Se calhar afinal não vou ser astronauta.

*motion sickness, enjôo

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

é bem feito para veres como se sente a roupa na máquina de lavar

Amanhã de manhã, vou ser centrifugada em nome da ciência. Espero que tenham saquinhos para o enjôo.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

brunch


Meus caros, a próxima visita que vier, estamos lá batidos: Atwoods, jazz ao vivo todos os domingos de manhã.

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

ainda sobre os casais homossexuais ou eu às vezes esqueço-me de como funciona a biologia

Há uns anos, olhei para dois amigos meus, ambos bonitos e ambos homossexuais (e ambos homens), e ocorreu-me, caraças, se estes dois tivessem filhos haviam de ser bem bonitos!

estou a ver o prós e contras na RTPi

Vou ficar tão feliz tão feliz quando finalmente em Portugal os casais homossexuais se puderem casar.

os desastres dos bolos

Nos últimos seis meses fiz dois bolos, ambos com desastres risíveis.

O primeiro foi o bolo de anos do C. Fiz tudo antes de ele voltar para casa, tudo tudo tudo, para estar pronto quando ele chegasse. Só que não me lembrei que era preciso o bolo arrefecer antes de pôr as velas, elas foram derretendo, derretendo, até que quando ele chegou já só sobravam cotos no meio de poças azuis e amarelas espalhadas em cima do bolo. Ai ai...

O segundo foi ontem à tarde, um bolo porque sim. Escolhi uma receita num dos vários livros que aqui há em casa, e fui fazendo. Só que o C. tinha acabado os ovos no dia anterior, eu não verifiquei, e quando cheguei à parte que dizia "bata em castelo as claras de 2 ovos e incorpore", tive que improvisar: o que ainda havia era o subsituto de ovos que o C. usa por causa do colestrol, e apesar de aquilo substituir claras e gemas tudo junto, peguei na batedeira e cheia de boa vontade bati bati bati, a ver se via castelos. Quinze minutos depois, peguei naquela espuma amarela, misturei com o resto da massa, pus tudo na forma e a forma no forno, e pronto, que sera sera. Meia hora depois saía do forno o bolo mais baixinho de sempre, acho que mais do que não crescer o bolo minguou, ai ai...

Nunca mais faço bolos! ou À terceira é de vez.?

O que me salva são as sopas e as chocolate chip cookies, que saem sempre bem. Ai ai...  


(a forma da fotografia não é do meu bolo, é de um que o C. fez há duas semanas, e para o qual se esqueceu de untar a forma, não sou a única cá em casa com desastres nos bolos)

terça-feira, fevereiro 10, 2009

debaixo de água

Regressei a uma piscina, nadar nadar nadar. Um paralelipípedo enorme cheio de água, e uns quantos corpos a rasar superfície, tão longe do chão, a voar quase. Tudo azul, só o som ritmado da minha expiração, os braços e as pernas a lembrar-se de como é nadar sem pensar. Nadar nadar nadar. Uma hora. 

Uma hora sem pôr os pés no chão - a piscina tem mais de 3 metros de profundidade em todo o lado. Estou cansada. E cheia de vontade de voltar. 

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

cheiro a américa

O cheiro que me faz imediatamente pensar: américa! é...


o-mat
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... o cheiro de uma máquina de secar roupa a trabalhar.

sábado, fevereiro 07, 2009

$36.390

Eu já disse que as propinas são 36 mil dólares? 
(mais coisa menos coisa, 28 mil euros)

underwater

Tenho saudades de estar debaixo de água.
Já tenho fato de banho e a já tenho a intenção de comprar óculos de natação. As propinas de 36 mil dólares incluem acesso livre à piscina, a qualquer hora. 
Está quase.

quarta-feira, fevereiro 04, 2009


@ MFA, originally uploaded by ana_rita.


claustro, originally uploaded by ana_rita.

terça-feira, fevereiro 03, 2009

nevão

Diz-se que na língua dos esquimós há mais de vinte palavras para descrever nevões. Em português não.

Começou já depois de eu acordar. Tão imperceptível que os meus olhos demoravam a focar os flocos, tão leves que flutuavam em vez de cair. Depois engrossou em farrapos brancos. Quando saí de casa, já os montes de neve lamacenta e o gelo pisado estavam tapados por um lençol fininho. Neva ininterruptamente há horas e o lençol transformou-se nua manta pesada. Quando neva assim, as rabanadas de vento vêem-se como se vêem as ondas quando se abrem os olhos debaixo de água. Todos os ramos nus de todas as árvores estão sublinhados (sobrelinhados?)  por um traço branco, idem para os telhados, parapeitos, carros estacionados e bicicletas caídas, os arbustos e ramos de árvores com folhas curvam-se sob o peso da neve. Da minha janela vejo tudo assim sublinhado a branco, tudo tão branco, e então alguém resolve enfrentar o nevão munido de um guarda chuva encarnado, tudo branco e só o encarnado de um guarda chuva, tão bonito, e prometo a mim própria que o próximo guarda chuva que comprar há-de ficar bonito contra o fundo branco de um nevão. 

A previsão é que neve o resto da tarde, o resto da noite, e todo o dia amanhã. Venha ele.

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

embracing my inner nerd

Na semana passada fui ver uma competição de robôs. Muito melhor que a superbowl, if you ask me. De algum modo faz sentido: sou gaja e um bocadinho nerd.

à espera

O semestre começa amanhã de manhã, o próximo nevão também. Passei a noite de pijama, a ver programas ridículos na televisão e a beber chá quente com mel. Estou pronta, venham eles.
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