é a penúltima linha da minha morada, enquanto aprendo matemática no MIT.

quarta-feira, maio 31, 2006

(piada para pessoas familiarizadas com o sistema de vistos nos eua)

pedido de casamento: Queres ser o meu J-2?

dias calmos

Estudamos. Ora num sofá do departamento, ora na relva da universidade, ora num café em harvard square. Os livros tornaram-se quase um apêndice, seguem-me para onde vou.
À tarde, despegam-se os livros de mim e a vida acontece, fácil. O calor e os amigos levam-me sempre sempre ao rio. Ontem, fui um barco entre tantos. Hoje, um pint de gelado ao entardecer, um rapaz a praticar escalas em saxofone ali perto.

segunda-feira, maio 29, 2006

amigos

(fim de um email para o lucas, ponho aqui porque é verdade e não me quero esquecer)

"muitas saudades, eu diria não sabes quantas, mas tu sabes, eu sei."

praia

(com o pedro e o manel)

uma cabana

mar

Hoje foi bom. Cansada, salgada, queimada e feliz.

domingo, maio 28, 2006

9 sandes

A felicidade também é fazer nove sandes, vestir o bikini e ir para a praia com amigos.

(bom, mas isso eu já sabia, aprendi na galé, e eram bem mais que nove sandes de cada vez. pá, tudo me faz saudades vossas)

bacalhau

Ontem um colega americano perguntou-me onde podia comprar aquelas postas de bacalhau bem grossas, e segurou entre o polegar e o indicador uma posta imaginária, para eu ver bem como eram as postas que ele queria. E confessou-me que não gosta de bacalhau fresco, mas pela-se por bacalhau do nosso. Ahá!

sábado, maio 27, 2006

das 9 às 5

Estudamos agora (a j. e eu) de segunda a sexta, em horário laboral (vá, das 10 às 6). Sabe bem isto de chegar a sexta feira ao fim da tarde e ver estender-se à minha frente praticamente o tempo todo do mundo, um fim-de-semana inteiro.
Estes últimos dias têm sido agradáveis como já me tinha esquecido que podiam ser. Os dias estão finalmente quentes, as noites mornas, a pedir borga. Ontem (desen)caminhei(-me) pela cidade, como se faz nas sextas à noite. Brindámos muitas vezes. Ao calor, às depressões, ao regresso, às margaritas.

quarta-feira, maio 24, 2006

aprender com os erros

Lima beans não é o mesmo que favas.

à direita no paraíso

Uma coisa em que tenho pena de mudar para a outra casa é deixar de poder explicar o caminho para esta: seguindo a mass ave de harvard para o mit, vira-se à direita no paraíso e é no segundo quarteirão.
O paraíso (vá, paradise) é um bar gay na esquina da minha rua.

terça-feira, maio 23, 2006

alegrias domésticas

A casa para onde vou viver tem máquina de lavar e de secar. Sem ser de moedas e sem ser partilhada!

alegrias tecnológicas

O site da rtp foi remodelado, e até já posso ouvir programas da antena1 em podcast.

segunda-feira, maio 22, 2006

alegrias burocráticas

Já tenho onde viver no próximo ano. Quarta-feira vamos assinar o contrato com a senhoria.

alegrias metereológicas

Hoje assisti, em local alto e priveligiado, a um espectáculo de luz e som. Relâmpagos, trovões, arco-íris e finalmente o pôr-do-sol sobre Boston.
E a comer scones acabados de fazer.

(daqui a 30 dias estou em portugal)

quarta-feira, maio 17, 2006

fim do semestre

Ontem arte, hoje barbecue.

paper birds

last day of classes

Terça feira começo algo que só acabo em Setembro: estudar para os quals.
Até lá, vou apanhar os pedaços de vida* que foram caindo durante os meses de aulas.

*(emails por escrever, compras por fazer, burocracia por tratar, passeios por fazer)

terça-feira, maio 16, 2006

2 am snack

um copo de leite frio e três bolachas maria com manteiga.
a vantagem de ter amigos espalhados por vários fusos horários é que há sempre alguém para nos fazer companhia à ceia.

\begin{thebibliography}

três dias para o fim das aulas (dois, que não tenho aulas à quinta).
o trabalho que eu tinha que escrever está feito, a dois dias do prazo de entrega.

math

domingo, maio 14, 2006

dançar

Tudo o que tenho que fazer hoje é sentar-me e escrever no computador.
Tudo o que me apetece fazer hoje é dançar.

(esta noite sonhei que estava em portugal)

chuva

Chove há 7 dias, vai chover pelo menos mais 9. E chove ininterruptamente durante horas. Com todo o desrespeito pelo facto de já ser Maio, está claro. Como se isto fosse um clima tropical, só que sem o calor. Chove como se não houvesse fim para a água do céu. Não sei se me faço entender. Chove aqui que é uma coisa parva. Desisto de esperar que a chuva pare um bocadinho para ir aqui ou ali, não vale a pena, não pára. Chove. Não é chuva miudinha. Mas também não chove com violência. Cai água, simplesmente. É isso. Sempre com a mesma cadência, constante. Ando na rua, de botas impermeáveis e chapéu-de-chuva e penso nos índios, todos nus, só de tanguinha, no meio da selva verde e com a chuva a cair a cair a cair. Em Boston chove chove chove.

(e de portugal dizem-me que hoje foi dia de ir à praia)

sábado, maio 13, 2006

cinco

Faltam cinco semanas para ir para casa durante cinco semanas.

quinta-feira, maio 11, 2006

encarnação matemática

Escrever \being{equation} em vez \begin{equation}.

segunda-feira, maio 08, 2006

esturro

Hoje fiquei na conversa e deixei queimar a sopa*. Quando dignos de nota são os falhanços culinários em vez dos sucessos, isso quer dizer que estou a ficar crescida?
(Pai, vês, tudo se resolve, até a minha inépcia na cozinha.)

*Tudo se resolve mesmo. Aproveitei a metada de cima da sopa, e nem sabe a queimado nem nada.

maria rita

Hoje desencaminhei-me, e em cima da hora troquei os quase últimos trabalhos pelo concerto da maria rita.

maria rita

E como se não bastasse a voz, a música e a presença espantosas, quase no fim do concerto, ela chamou o público (já rendido) para perto do palco, e dançámos as últimas músicas como numa festa em vez de um concerto. Muito muito bom.

domingo, maio 07, 2006

mãe

flores para ti (tulipas, como tu gostas)

green pink

sábado, maio 06, 2006

random walk

as conversas são como passeios aleatórios.
(quando era pequena e ficava a dormir em casa da prima cau, ficávamos a conversar depois de apagarmos a luz, e lembro-me de parar para recapitular o rumo da conversa, e de me admirar sempre com a sua imprevisibilidade)

mas isto a propósito do jantar de portugueses esta noite. há coisas que só mesmo com portugueses. uma delas é a conversa seguir aleatoriamente - entre o estilo de vida dos esquimós e as divisões celulares nas rãzinhas - mas ir resvalando repetidamente para a brejeirice. e nós a rir como perdidos, claro.

sexta-feira, maio 05, 2006

snob

às quintas feiras à noite, fazemo-nos de snobs e juntamo-nos numa sala de estar, a beber vinho tinto e a ler peças de teatro. hoje foi "who's afraid of virginia woolf ?". uau.
uma vantagem de ler teatro é poder ler também as crípticas e deliciosas indicações cénicas:
(with a great effort controls himself... then, as if she said nothing more than "George, dear"...)
(a Phyrrhic victory)
(an unspoken epithet)
(a rather long silence: five seconds, please)

quinta-feira, maio 04, 2006

cuidate

de vez em quando falo por escrito no computador com o miguel, um amigo mexicano na califórnia. em inglês, saltando de vez em quando para espanhol e português. mas o fim da conversa é sempre em espanhol. cuidate, cuidate.
gosto desta despedida, é apropriada a amigos à distância. cuidate, cuida-te, toma conta de ti, que os amigos são um bem precioso e tu és um.

terça-feira, maio 02, 2006

vida na residência de estudantes

o craig convida-me para ir ao andar de baixo comer restos do jantar do dia anterior. na cozinha, enquanto lavo a loiça, ele canta folclore americano e diz parvoíces aleatórias. já me tinha esquecido que gosto de lavar pratos naquela cozinha.

no rio

domingo à tarde voltei ao rio, aqui chamado carlos, com o pedro. tinha-me esquecido de tudo, até dos nós para prender o barco às coisas (por exemplo, à doca) e as coisas ao barco (por exemplo, a vela). mas já na água, depois de um começo pouco auspicioso, os meus braços começaram a lembrar-se do que aprenderam no outono.
um vento acima da água, outro vento debaixo dela, e o barco a correr entre os dois, depressa depressa.
e o vento na cara, e a luz no rio, e o barulho da água no casco, e o embalo da ondulação, uma mão para o leme uma mão para a vela.
largar a vela aberta, segurar ao de leve no leme, sentar no fundo do barco, fechar os olhos e esperar. bom bom bom.
como é possível viver-se longe da água?

segunda-feira, maio 01, 2006

25 de abril

Em 74, o meu pai tinha a idade que eu tenho agora e estudava em lisboa.
Vivia numa residência de estudantes do técnico, e quando acordou a notícia já corria: o mfa fazia comunicados na rádio "Aqui posto de comando do movimento das forças armadas", e pediam à população que se mantivesse calma e recolhesse às residências.
Em vez disso, saíram para a rua, o rossio, a baixa, o terreiro do paço. Havia chaimites e militares com armas na mão, ali no meio da cidade.
Subiram para o carmo. Gente por todo o lado, em cima dos bancos, da fonte, das árvores. Os militares diziam que não, os pides não viriam. O salgueiro maia, uns tiros, a revolução, ali no meio da cidade.
Diz-me o meu pai, e só sabe quem lá esteve assim, que se lembra de ser difícil encontrar um sítio para almoçar naquele dia. De ter fome e acabar por comer uma sandes na praça da figueira. Em liberdade, ali no meio da cidade.
Tinha a idade que eu tenho agora, há 32 anos.
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