Estava eu a decidir se digo que $\mathfrak{t}^*$ é o dual da algebra de Lie de $T$ e depois digo que pode ser identificado com $(\mathfrak{g}^*)^T$ ou se atalho de foice defino logo que é $(\mathfrak{g}^*)^T$, como eu dizia, estava eu a organizar as ideias para estes primeiros parágrafos, que parecem sempre os mais difíceis, e com os ouvidos ligados aos fones ligados ao pc ligado à antena 1, e de repente começa o adriano a cantar,
Eu canto para ti o mês das giestas
O mês de morte e crescimento ó meu amigo
Como um cristal partindo-se plangente
No fundo da memória perturbada
e paro de escrever, fecho os olhos e pouso a cabeça nas mãos abertas,
Eu canto para ti o mês onde começa a mágoa
E um coração poisado sobre a tua ausência
Eu canto um mês com lágrimas e sol... o grave mês
Em que os mortos amados batem à porta do poema
e a matemática desaparece-me, e chegam-me as memórias, já não sei se passei do manuel alegre para o adriano ou vice-versa, lembro-me de ter feito um trabalho de grupo para português, era preciso escolher um poema, e eu logo, um do manuel alegre, e a trabalheira que foi arranjar maneira de tocar a versão cantada pelo adriano na sala de aula, acho que o meu gravador de cassetes veio para escola comigo, o poema era o "e alegre se fez triste"
Porque tu me disseste quem me dera em Lisboa
Quem me dera em Maio... depois morreste
Com Lisboa tão longe ó meu irmão tão breve
Que nunca mais acenderás no meu o teu cigarro
e chegam-me memórias que não são minhas, são recortes de histórias que me foram contadas, de histórias que li, de filmes, não sei, todas coladas, mais ou menos incoerentemente, imagens soltas de memórias que não são minhas
Eu canto para ti Lisboa à tua espera
Teu nome escrito com ternura sobre as àguas
E o teu retrato em cada rua onde não passas
Trazendo no sorriso a flor do mês de Maio
não sei se é a letra, não sei se é a música, mas é qualquer coisa e ressoa exactamente na mesma vibração que eu, os olhos fechados, a cabeça pousada nas mãos abertas
Porque tu me disseste quem me dera em Maio
Porque te vi morrer eu canto para ti
Lisboa e o sol, Lisboa com lágrimas
Lisboa à tua espera ó meu irmão tão breve
escreveu-me o meu pai esta manhã, o adriano morreu há 25 anos, muito só e triste. que angústia enorme, isto de as pessoas morrerem só e tristes. morreu nos braços da mãe, diz a wikipedia. que angústia enorme, isto de as pessoas morrerem nos braços da mãe.
Eu canto para ti Lisboa à tua espera...
Que saudades de Lisboa.
é a penúltima linha da minha morada, enquanto aprendo matemática no MIT.
terça-feira, outubro 16, 2007
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6 comentários:
Tão lindo o teu post, que me arrepiou. Essa música a ecoar na minha alma. Eu que também tive / tenho um irmão tão breve.
Gosto muito de te ler. :)
Lisboa também tem saudades tuas! :)
(e não seguro as lágrimas, nem sei bem porquê...)
Foi emocionante ler-te hoje. Um abraço forte.
Vim aqui ter pela primeira vez e gostei mesmo muito. O talento está contigo. Muito mas muito bom post. Parabéns
isso é muito bonito, Ana.
olá, é o diogo matemático que anda pelas holandas. vou lendo as tuas coisas com um delay. mas sim, como eu te compreendo. tanto pelo adriano como por lisboa.
acho que todos os dias penso em lisboa. rua das damas, com o seu arco e um sol de verao ou a noite com a luz amarela dos candeeiros e das casas, ou na costa do castelo, adoro a costa do castelo, ahh, é melhor nao pensar mais, é melhor nao pensar mais...
http://www.youtube.com/watch?v=sq35ur496GE
um beijo
fica bem
diogo
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