(a E. tem quase dois anos, fala português com os pais: mãe portuguesa e pai americano a tentar falar português, e inglês com as babysitters)
E., depois de orgulhosamente usar o penico:
- Anaíta, come ver
Pai da E., durante uma brincadeira, em português de americano:
- E., põe o carro na rua!
E., em português de 2 anos, mas absolutamente correcta:
- Não é rua, é estrada!
:)
é a penúltima linha da minha morada, enquanto aprendo matemática no MIT.
quinta-feira, março 27, 2008
quinta-feira, março 20, 2008
eu, saudades de viver em portugal, nah, lá agora...
Ontem à noite sonhei que estava no pingo-doce e comprava um chouriço da beira.
domingo, março 16, 2008
queixas metereológicas, Manoel e 1 e 2
O tempo está uma porcaria. Nem é só estar uma porcaria, é a promessa de estar bom e depois estar uma porcaria. Já anda aí tudo cheio de ovinhos da Páscoa, coelhinhos e florzinhas, tudo em palete de cores azul-bebé, rosa-bebé, amarelinho e verdinho, uma combinação delicodoce de páscoa e equinócio da primavera. Daqui a uma semana começa a primavera. As árvores já têm rebentos prontos. Já estamos quase na semana de férias do meio do semestre. Já mudou a hora. E como é que está o tempo? Chuva. Chuviscos. Neve durante cinco minutos. Mínimas negativas. Máximas que não chegam aos dez graus, há dias que nem aos cinco. Um sol que é um desconsolo, ranhoso ranhoso. Acho que estou a ficar com aquela depressão que têm os nórdicos, de não terem luz (e calor) suficiente durante não sei quantos meses. Já estou farta de cachecóis e luvas e gorros e casacos de inverno. A minha alma mediterrânica não se aguenta.
Esta noite enchi-me de coragem e brio nacional e fui ver um filme do Manoel de Oliveira. Há um ciclo de filmes dele na cinemateca cá do sítio, e eu achei que tinha mesmo que ser. Eu, aqui me confesso, nunca tinha visto um filme do Manoel de Oliveira, cineasta português de maior renome internacional. Nunca tinha visto porque achei que me podia safar, diziam-me que era uma seca, filmes longuíssimos e chatos comó raio, e eu, pronto, então sendo assim ia ver outro filme qualquer, e isto todas as vezes, ou se passava na televisão não via, ele há tantas coisas interessantes para se fazer em casa, ler, ir à internet, preparar uma sanduíche.
Mas estando aqui emigrada, a coisa pia mais fino. Então o senhor é importante, é português, há um ciclo de cinema dedicado a ele aqui bem perto, e eu nunca vi nada dele? Injustificável, quase crime lesa-pátria. Portanto, eu fui ver um filme do Manoel de Oliveira porque tinha que ser. Uma curta, "Douro, Fauna Fluvial", e uma longa, "Benilde ou a Virgem Mãe". Dormi descaradamente durante a primeira (o que é uma pena, porque durante as partes que estive acordada, pareceu-me bonita) e vi alegremente a segunda, sem dar pelo tempo passar. Mais, havia um outro filme dele a seguir e eu fiquei com vontade de ficar mais duas horas no cinema para o ver também. Não fiquei, mas felizmente o ciclo ainda dura mais duas semanas. Quem diria que eu, em deixando de fugir com o rabo à seringa, acabava por gostar?
Mais duas coisas ainda sobre o(s) filme(s):
1. É mais seguro ver filmes potencialmente aborrecidos no cinema (por comparação a vê-los em casa). Há menos possiblidades de escapar para ir ler, ir à internet ou fazer uma sanduíche.
2. Há um certo sentido de se ter feito justiça ao ver, no grande ecrã, uma D. Genoveva a falar com um Dr. Fabrício na língua pátria, e as belas das legendas em inglês por baixo. Ah pois é, pimba, toma!
Esta noite enchi-me de coragem e brio nacional e fui ver um filme do Manoel de Oliveira. Há um ciclo de filmes dele na cinemateca cá do sítio, e eu achei que tinha mesmo que ser. Eu, aqui me confesso, nunca tinha visto um filme do Manoel de Oliveira, cineasta português de maior renome internacional. Nunca tinha visto porque achei que me podia safar, diziam-me que era uma seca, filmes longuíssimos e chatos comó raio, e eu, pronto, então sendo assim ia ver outro filme qualquer, e isto todas as vezes, ou se passava na televisão não via, ele há tantas coisas interessantes para se fazer em casa, ler, ir à internet, preparar uma sanduíche.
Mas estando aqui emigrada, a coisa pia mais fino. Então o senhor é importante, é português, há um ciclo de cinema dedicado a ele aqui bem perto, e eu nunca vi nada dele? Injustificável, quase crime lesa-pátria. Portanto, eu fui ver um filme do Manoel de Oliveira porque tinha que ser. Uma curta, "Douro, Fauna Fluvial", e uma longa, "Benilde ou a Virgem Mãe". Dormi descaradamente durante a primeira (o que é uma pena, porque durante as partes que estive acordada, pareceu-me bonita) e vi alegremente a segunda, sem dar pelo tempo passar. Mais, havia um outro filme dele a seguir e eu fiquei com vontade de ficar mais duas horas no cinema para o ver também. Não fiquei, mas felizmente o ciclo ainda dura mais duas semanas. Quem diria que eu, em deixando de fugir com o rabo à seringa, acabava por gostar?
Mais duas coisas ainda sobre o(s) filme(s):
1. É mais seguro ver filmes potencialmente aborrecidos no cinema (por comparação a vê-los em casa). Há menos possiblidades de escapar para ir ler, ir à internet ou fazer uma sanduíche.
2. Há um certo sentido de se ter feito justiça ao ver, no grande ecrã, uma D. Genoveva a falar com um Dr. Fabrício na língua pátria, e as belas das legendas em inglês por baixo. Ah pois é, pimba, toma!
domingo, março 09, 2008
quinta-feira, março 06, 2008
o C. a aprender português 3
O vocabulário é um bocado aleatório, mas já constrói frases:
"O burro não precisa de guardanapo porque ele tem a língua grande."
Isto tudo com um adorável sotaque americano, claro.
"O burro não precisa de guardanapo porque ele tem a língua grande."
Isto tudo com um adorável sotaque americano, claro.
terça-feira, março 04, 2008
as eleições, os enganos e o peixe cozido
Chamam a hoje a terça feira crítica. O McCain é o candidato republicano, está decidido, e com os outros dois parece estar tudo no mesmo impasse. São estranhas estas eleições que duram meses sem fim, saiem às pinguinhas, mas ao menos proporcionam-nos entretenimento político quase todas as semanas.
Entretanto, o trabalho vai andando. Dois passos à frente e um e três quartos atrás, mas sempre se vai fazendo algum progresso. O meu orientador já mencionou que era engraçado escrevermos um artigo os três, mas isso foi da última vez que os passos foram em frente, desde então aconteceram-nos os passos para trás, não sei onde estamos agora, a não ser que estamos a ver o que se salva dos enganos da semana passada.
Esta noite fiz peixe cozido. Com batatas, cenouras, cebolas, brócolos e um ovo cozido. A segunda vez aqui em dois anos e meio (A primeira vez tentei usar filetes em vez de postas. Um desastre, claro, pela falta de integridade estrutural dos ditos). É tremendo isto. Tremenda a sorte que me calhou de gostar de peixe cozido, que é secretamente o sonho de qualquer pai para os seus filhos. E tremendo o azar de vir emigrar para um país onde sabe-se lá por que carga de água não se vendem postas de pescada na secção dos congelados. Nem no balcão do peixe. Pelo menos nos dois supermercados mais perto de casa. Uma coisa tão simples, caramba. Uma panela com água a ferver, uma pitada de sal, posta de pescada lá para dentro, mais os vegetais todos, e o ovo também, e voilá, daí a bocado está o jantar pronto, só lhe falta escorrer tudo e descascar o ovo, um fio de azeite por cima, pôr o pão e o queijo na mesa, já está, fácil e saudável. Mas não. Nada de peixe em postas para mim. Pescada, oh, nem vê-la. Eu já nem pedia tanto. Um peixito branco qualquer já me dava. Mas postas, qué isso? Postas só de salmão. Só que salmão sabe a salmão, não sabe a peixe, e eu não quero salmão cozido, quero peixe cozido (lá está, que pai não pagaria um soma considerável para ver um filho dizer "quero peixe cozido"?). Mas no outro dia era sábado e fui laurear a pevide à margem sul, que aqui é a cidade e não o satélite, e já pertinho da paragem do autocarro lembrei-me que precisava de comprar coentros para enfeitar a açorda (vejam senhores, aqui em casa quando há pão duro o meu americano pede-me açorda de marisco) e entrei num supermercado, e como quem nunca perde a esperança nas postas de pescada lá fui eu deitar um olho à secção dos congelados e, lo and behold (é voilá em americano), lá estavam umas postas, não era pescada mas era bacalhau, e por muito que eu estranhe andar a comer bacalhau como peixe e não como bacalhau seco e salgado, isto na verdade o bacalhau há-de ser primo da pescada, e postas de peixe branco não é coisa que se desperdice. Portanto, finalmente, hoje comi peixe cozido. E batata, cenoura, cebola, bróculos e ovo cozidos. O americano cá de casa não lhe acha muita piada, come aquilo como uma criança de sete anos extremamente bem educada: não se queixa mas quando lhe pergunto se gosta diz que é pouco interessante e tira a alegria ao jantar. Ignorante dos prazeres do peixe cozido, é o que é, nem todos podem ter a minha sorte.
Hmm.
A julgar pelo tamanho dos parágrafos, isto do peixe cozido emociona-me muito mais que as primárias americanas ou o meu trabalho. Preocupo-me?
Entretanto, o trabalho vai andando. Dois passos à frente e um e três quartos atrás, mas sempre se vai fazendo algum progresso. O meu orientador já mencionou que era engraçado escrevermos um artigo os três, mas isso foi da última vez que os passos foram em frente, desde então aconteceram-nos os passos para trás, não sei onde estamos agora, a não ser que estamos a ver o que se salva dos enganos da semana passada.
Esta noite fiz peixe cozido. Com batatas, cenouras, cebolas, brócolos e um ovo cozido. A segunda vez aqui em dois anos e meio (A primeira vez tentei usar filetes em vez de postas. Um desastre, claro, pela falta de integridade estrutural dos ditos). É tremendo isto. Tremenda a sorte que me calhou de gostar de peixe cozido, que é secretamente o sonho de qualquer pai para os seus filhos. E tremendo o azar de vir emigrar para um país onde sabe-se lá por que carga de água não se vendem postas de pescada na secção dos congelados. Nem no balcão do peixe. Pelo menos nos dois supermercados mais perto de casa. Uma coisa tão simples, caramba. Uma panela com água a ferver, uma pitada de sal, posta de pescada lá para dentro, mais os vegetais todos, e o ovo também, e voilá, daí a bocado está o jantar pronto, só lhe falta escorrer tudo e descascar o ovo, um fio de azeite por cima, pôr o pão e o queijo na mesa, já está, fácil e saudável. Mas não. Nada de peixe em postas para mim. Pescada, oh, nem vê-la. Eu já nem pedia tanto. Um peixito branco qualquer já me dava. Mas postas, qué isso? Postas só de salmão. Só que salmão sabe a salmão, não sabe a peixe, e eu não quero salmão cozido, quero peixe cozido (lá está, que pai não pagaria um soma considerável para ver um filho dizer "quero peixe cozido"?). Mas no outro dia era sábado e fui laurear a pevide à margem sul, que aqui é a cidade e não o satélite, e já pertinho da paragem do autocarro lembrei-me que precisava de comprar coentros para enfeitar a açorda (vejam senhores, aqui em casa quando há pão duro o meu americano pede-me açorda de marisco) e entrei num supermercado, e como quem nunca perde a esperança nas postas de pescada lá fui eu deitar um olho à secção dos congelados e, lo and behold (é voilá em americano), lá estavam umas postas, não era pescada mas era bacalhau, e por muito que eu estranhe andar a comer bacalhau como peixe e não como bacalhau seco e salgado, isto na verdade o bacalhau há-de ser primo da pescada, e postas de peixe branco não é coisa que se desperdice. Portanto, finalmente, hoje comi peixe cozido. E batata, cenoura, cebola, bróculos e ovo cozidos. O americano cá de casa não lhe acha muita piada, come aquilo como uma criança de sete anos extremamente bem educada: não se queixa mas quando lhe pergunto se gosta diz que é pouco interessante e tira a alegria ao jantar. Ignorante dos prazeres do peixe cozido, é o que é, nem todos podem ter a minha sorte.
Hmm.
A julgar pelo tamanho dos parágrafos, isto do peixe cozido emociona-me muito mais que as primárias americanas ou o meu trabalho. Preocupo-me?
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