plano B: turismo

Primeiro foram os vizinhos de cima, ele descendente de portugueses, ela noiva dele, que vieram a Portugal passar a lua de mel e queriam pareceres ao itinerário escolhido. Leitão da mealhada.

Depois um professor lá da universidade que está a pensar vir a Lisboa com a filha e queria saber o que Lisboa tem para uma criança de doze anos. Sintra.

E mais um colega que estava no sul de Espanha com uns amigos e decidiram alugar um carro e ir ao Algarve, em busca de sítios menos turísticos. Cacela Velha.

E ainda um filósofo inglês em Boston que vai a uma conferência em Braga mas aterra em Lisboa. Lisboa, Coimbra, Porto.

E o meu orientador, cá em trabalho uma semana. Sardinhas, sangria e miradouros.

E três colegas de lá que vêm a uma conferência cá, e queriam um sítio jeitoso para ficar. Pousada da juventude ou pensão na Baixa.

Se a matemática não resultar, dedico-me ao turismo.

diferenças culturais

Os portugueses espirram para as mãos, os americanos espirram para a cova do braço. Eu, claramente, já espirro à americana.

Emigrante, emigrante...

What's in a name?*

Foi uma semana de loucura, trabalhar trabalhar trabalhar, o meu orientador em visita, a minha praticamente-outra-orientadora também cá, os três a trabalhar manhã e tarde, a almoçar juntos, a jantar juntos, muitas coisas para pensar e para discutir, a forma simplética que se anula na hipersuperfície, o grupo de isotropia é um ésse um ou um tê dois, que variedade quatro é que isto pode ser, terá que ser um fibrado vectorial de toros dois, com singularidades, enfim, mas o importante é que a acção seja livre, e no outro caso em vez de tê quadrado é só tê, e por isso é que as imagens momento não se sobrepõem, passam para o outro lado da parede de weyl, por enquanto pensamos só nos casos mais simples, portanto, com os grupos de lie de ordem dois, o gê dois vai ter doze, ou serão catorze, paredes, e depois o polítopo reflecte, há-de ficar bonito, principalmente se tocar nos dois lados da câmara de weyl, fica assim assim assim como um caleidoscópio. Como um caleidoscópio.

Estudo agora caleidoscópios. Não esses que se compram por aí, mas uns por nós inventados, que desde ontem existem nas nossas cabeças.

*Juliet:
"What's in a name? That which we call a rose
By any other name would smell as sweet."

alma cheia

Menos de uma semana, e estou de alma cheia. As cestas cheias de cerejas, cheias de laranjas, cheias de nêsperas, os abraços cheios de família, os braços cheios com um bebé de abril, as mãos cheias de lambidelas da tróia e de cheiro roubado aos manjericos, a barriga cheia dos maranhos e das sardinhas assadas, e a alma cheia de uma longa noite em lisboa, a minha primeira noite em lisboa e ela logo assim, acordada, a noite toda, a oferecer-se em multidão e música e amigos, e eu respiro fundo e estou aqui, de alma cheia, lisboa, lisboa, lisboa, lisboa, eu embriagada de ti, lisboa.

a meio caminho

Aqui declaro que, segundo o enfermeiro do aeroporto João Paulo II que me pôs um termómetro no ouvido, eu não tenho gripe suína. Não sou, portanto, uma ameaça para a saúde pública. Dito isto, acabei de dar dois espirros. É do ar frio da manhã nos Açores.

O ar frio da manhã nos Açores é o meu sinal de quase-em-casa.

de malas aviadas

"Mamma mia, here I go again
My my, how can I resist you?
Mamma mia, does it show again?
My my, just how much I've missed you."

privilegiada

Ontem à noite, vi o Roberto Benigni explicar, linha a linha, o canto quinto do Inferno da Divina Comédia. E depois, recitá-lo em italiano. Uma noite que começou com as inevitáveis piadas sobre o Berlusconi, acabou com a respiração sustida de espanto por isto.

Ah.

Tenho que ir encontrar uma edição bilingue e profusamente anotada da Divina Comédia.

às vezes admiro-me que as pessoas ainda não saibam, mas de facto eu não anunciei a muita gente...

Amigos -> Roommates -> Namorados -> Roommates

Sem dramas, sem zangas, e sim, ficámos amigos e vamos continuar a morar juntos até ao fim do próximo ano.