lisboa, 2009

Lisboa tem estado linda, com nuvens a correr depressa, em todos os tons de branco e cinzento, e depois o céu a abrir-se de repente luminoso. Olhei vezes sem conta para o céu, sempre que chove de um lado e faz sol do outro, mas não vejo nenhum arco-íris. Não faz mal. Céus, Lisboa é linda. Sem amargura nenhuma, lembro-me do que me disseram os meus estrangeiros que trouxe a passear este verão, como é que alguém que cresceu aqui pode suportar estar longe?

bom natal

Nem Happy Holidays, nem Seasons Greetings, nem Enjoy the Winter Break. Ateia mas culturalmente católica: Bom Natal.

a calma

Dentro cá dentro, não há calma, só tumulto, porque este é o tempo das decisões. Fora lá fora, não há calma, só festa, porque quando regresso a casa é sempre assim. No meio, há uma camada fina de calma, que sera sera, whatever will be will be.

Ontem fui sentar-me no cais das colunas, ver a tarde a acabar, respirar fundo e agarrar-me a essa fina camada do meio.

no café da minha rua em lisboa

Os senhores do café da minha rua conhecem-me desde miúda, e eu vou sempre cumprimentá-los quando regresso a Lisboa: beijinhos, abraços, então como está, chegou bem, fez boa viagem, sim, obrigada, e por aqui, conversa e tal.

Diz-me ele "Ai, está bonita, está mais gordinha*!"

Ela belisca-o, repreende-o baixinho, "Não digas isso!" (as mulheres sabem que "está mais gordinha" raramente é ouvido como elogio, mesmo que precedido de "está bonita")

* Por acaso não estou. É a primeira vez que perco peso num semestre na américa. Deve ter sido do stress das candidaturas a pós-docs.

il neige à Paris

paris em dezembro é linda

e eu lá fora, em paris

Ao último dia, (para além de trabalhar,) passeámos.

e paris lá fora

Desta vez, Paris é isto: trabalho. Sem pena, que eu sabia ao que vinha.

ah, paris, paris

Jantei um crepe de queijo chévre com mel e outro de nutella para sobremesa*. Maravilha, isto dos crepes. De ver vistas, fui só ali um fim de tarde a Monmartre, olhar de alto para a cidade, e pareceu-me bem. Foi a única altura que fui turista, que há muito trabalho a fazer estes dias. Consolo-me com o ar frio (crisp!) de Paris quando saímos do casulo morno e confortável da casa na cité para procuramos uma papelaria, a farmácia ou uma crêperie. Nos intervalos da matemática, tenho imaginado pedaços de passado e futuro em que eu era outra pessoa e vivia noutra cidade, quiçá Paris.

*Nutella é como o sumol de laranja, ser expat nos estados unidos dá outra apreciação da coisa. Só que nutella é para os europeus todos o que o sumol de laranja é para os portugueses.

ainda não vi paris. e porquê?

(Gromov, ele mesmo, ontem à tarde)

meio dia e meio*

Duas malas desfeitas, uma mala feita, pais, amigos, peixe ao sal e arroz de pato, o jet lag curado, vam'embora para Paris!

* e meio? e meia?

5 e meia da tarde

Outra mala e mais duas máquinas de roupa.

2 e meia da tarde

Uma panela de sopa e uma mala.

10 e meia da manhã

Duas máquinas de roupa e duas candidaturas a pós-docs.

minha rica mãezinha

Vou estar em Portugal 27 horasa. E isso inclui uma refeição de peixe ao sal e outra de arroz de pato. Ah pois é.

amanhã viajo

Não estou preparada para isto. Nem eu nem as malas. Precisava de mais uns dias para me organizar.

Por outro lado, como comentou outro português por cá, alguém que ao jantar de depois de amanhã vai comer peixe ao sal não tem realmente direito a queixar-se.