Quanto menos tempo falta, mais saudades tenho.
(20 dias)
é a penúltima linha da minha morada, enquanto aprendo matemática no MIT.
quarta-feira, novembro 28, 2007
terça-feira, novembro 27, 2007
segunda-feira, novembro 26, 2007
observando os americanos
1. O feriado do thanksgiving é uma operação de logística gigantesca que envolve o país inteiro. É preciso comprar bilhetes ou reservar carro com meses de antecedência, há mais comboios do que é costume, os aeroportos estão um caos, quem se faz à estrada mune-se de paciência extra para enfrentar o trânsito. Milhares de pessoas a viajar milhares de quilómetros num país enorme. De quinta a domingo.
2. Num país de muitas religiões, o thanksgiving é o feriado unificador, mais inocente que o natal. E menos consumista. É a festa da família e do perú, não a festa da família e dos presentes.
3. Sendo um feriado de forte significado familiar a pouco mais de um mês do seguinte com as mesmas características, e quase com a mesma intensidade, permite uma gestão mais fácil do habitual problema das duas famílias: "natal com a tua família ou com a minha?". Uma solução habitual parece ser: thanksgiving com a tua, natal com a minha.
4. Cozinhar o jantar de thanksgiving para toda a família é um rito de passagem, um atestado das capacidades enquanto dona de casa (ou dono de casa), uma prova de que se é completamente adulto. Com a dificuldade acrescida de que assar um perú não é a coisa mais fácil do mundo. Principalmente quando é preciso ao mesmo tempo preparar todas as outras comidas da praxe, o puré de batata, os inhames, o molho de carne, a geleia de arandos, mais alguma coisa que eu me tenha esquecido e pelo menos duas tartes para sobremesa.
2. Num país de muitas religiões, o thanksgiving é o feriado unificador, mais inocente que o natal. E menos consumista. É a festa da família e do perú, não a festa da família e dos presentes.
3. Sendo um feriado de forte significado familiar a pouco mais de um mês do seguinte com as mesmas características, e quase com a mesma intensidade, permite uma gestão mais fácil do habitual problema das duas famílias: "natal com a tua família ou com a minha?". Uma solução habitual parece ser: thanksgiving com a tua, natal com a minha.
4. Cozinhar o jantar de thanksgiving para toda a família é um rito de passagem, um atestado das capacidades enquanto dona de casa (ou dono de casa), uma prova de que se é completamente adulto. Com a dificuldade acrescida de que assar um perú não é a coisa mais fácil do mundo. Principalmente quando é preciso ao mesmo tempo preparar todas as outras comidas da praxe, o puré de batata, os inhames, o molho de carne, a geleia de arandos, mais alguma coisa que eu me tenha esquecido e pelo menos duas tartes para sobremesa.
thanksgiving
Foram cinco dias, praticamente umas férias. O meu americano emprestou-me a família dele e fomos os dois para perto de Washington DC.
É bom estar no meio duma família, mesmo que emprestada. É bom ver como as pessoas se gostam, é bom brincar com as crianças, é bom conversar com os adultos, é bom dar festas ao gato, é bom muita comida na mesa e muita gente a comer ao mesmo tempo.
É bom estar no meio duma família, mesmo que emprestada. É bom ver como as pessoas se gostam, é bom brincar com as crianças, é bom conversar com os adultos, é bom dar festas ao gato, é bom muita comida na mesa e muita gente a comer ao mesmo tempo.
quinta-feira, novembro 22, 2007
giving thanks
Pela família, em particular pelo novo primo que vai nascer daqui a oito meses, e pelo meu avô, cujo castanheiro deu 180 castanhas bem contadas e bem divididas em sacos, um para cada neto.
Pelos amigos, que me mandam livros pelo correio para eu matar saudades de ler em português.
Pelo C., que me faz panquecas de manhã quando se acabam os cereais de pequeno almoço em casa.
Por todas as coisas fluffy, incluindo a neve e os esquilos e as panquecas supracitadas.
Pelos amigos, que me mandam livros pelo correio para eu matar saudades de ler em português.
Pelo C., que me faz panquecas de manhã quando se acabam os cereais de pequeno almoço em casa.
Por todas as coisas fluffy, incluindo a neve e os esquilos e as panquecas supracitadas.
terça-feira, novembro 20, 2007
segunda-feira, novembro 19, 2007
o bom, o mau e o vilão
o bom: esta manhã, uns flocos de neve a cair, razão suficiente para cantar Winter Wonderland bem alto no caminho para a escola, de bicicleta.
o mau: o frio nas pernas, entre o fim do casaco e o princípio das perneiras, onde só estão tapadas pelas calças de ganga.
o vilão: ter que tirar as luvas para conseguir usar a chave para abrir e fechar o cadeado que prende a bicleta. Que frio desgraçado.
o mau: o frio nas pernas, entre o fim do casaco e o princípio das perneiras, onde só estão tapadas pelas calças de ganga.
o vilão: ter que tirar as luvas para conseguir usar a chave para abrir e fechar o cadeado que prende a bicleta. Que frio desgraçado.
sábado, novembro 17, 2007
jeitosinha
Há umas semanas atrás, os dois, eu e o meu americano, na casa dos pais dele, ele encontra uma velha camisola de malha favorita, a que o uso desfez a costura da manga, junto ao punho.
Estou eu a fazer palavras cruzadas na sala, vem ele de camisola na mão, mostra-me o punho aberto, nada de mais, é só juntar as duas metades, ainda mais fácil por ser malha grossa, está cheia de buracos por onde enfiar a agulha. Digo-lhe que é simples de resolver, que acho que tenho em casa uma agulha de malha e trato disso quando voltarmos.
Estou eu ainda a fazer palavras cruzadas na sala, vem a mãe dele indagar, pouco crédula, se dá mesmo para arranjar. Suspeito que percebe ainda menos de agulhas que eu, que aprendi só de ver a minha mãe, e nisso aprendi principalmente que é possível remendar quase tudo, basta que se queira e que valha a pena. Digo-lhe que é simples de resolver, que acho que tenho em casa uma agulha de malha e trato disso quando voltarmos.
Jeitosinha?
(o remendo ficou feito, longe de perfeito, mas junta as duas metades bem juntinhas, e se não se olhar de perto ninguém nota, ah!)
Estou eu a fazer palavras cruzadas na sala, vem ele de camisola na mão, mostra-me o punho aberto, nada de mais, é só juntar as duas metades, ainda mais fácil por ser malha grossa, está cheia de buracos por onde enfiar a agulha. Digo-lhe que é simples de resolver, que acho que tenho em casa uma agulha de malha e trato disso quando voltarmos.
Estou eu ainda a fazer palavras cruzadas na sala, vem a mãe dele indagar, pouco crédula, se dá mesmo para arranjar. Suspeito que percebe ainda menos de agulhas que eu, que aprendi só de ver a minha mãe, e nisso aprendi principalmente que é possível remendar quase tudo, basta que se queira e que valha a pena. Digo-lhe que é simples de resolver, que acho que tenho em casa uma agulha de malha e trato disso quando voltarmos.
Jeitosinha?
(o remendo ficou feito, longe de perfeito, mas junta as duas metades bem juntinhas, e se não se olhar de perto ninguém nota, ah!)
segunda-feira, novembro 12, 2007
domingo, novembro 11, 2007
cheiro de américa
Há aquilo de haver cheiros que identificamos com pessoas ou sítios ou alturas da nossa vida. Pois é um pouco triste mas é verdade: o cheiro que me faz lembrar a américa, esta américa, é o cheiro do escape da máquina de secar roupa.
terça-feira, novembro 06, 2007
rua abaixo
Há dias em que se sai mais cedo, apertam-se os botões do casaco até acima que de bicleta sente-se mais o vento, e então
main
portland
hampshire
webster
plymouth
windsor
cambridge street
e ainda são horas de ver as crianças que saem da escola e vão para casa, e há tempo para parar e ver as folhas vermelhas nas árvores e no chão, e a agência de viagens ainda está aberta e então, depois de trocar um cheque por um bilhete de avião que é o meu natal, ainda há tempo de parar na mercearia portuguesa e comprar uma garrafa de dois litros de sumol de laranja, porque até dezembro ainda falta algum tempo.
main
portland
hampshire
webster
plymouth
windsor
cambridge street
e ainda são horas de ver as crianças que saem da escola e vão para casa, e há tempo para parar e ver as folhas vermelhas nas árvores e no chão, e a agência de viagens ainda está aberta e então, depois de trocar um cheque por um bilhete de avião que é o meu natal, ainda há tempo de parar na mercearia portuguesa e comprar uma garrafa de dois litros de sumol de laranja, porque até dezembro ainda falta algum tempo.
domingo, novembro 04, 2007
o milagre da duplicação
A vantagem de ter uns amigos em modo americano (jantar marcado para um restaurante às 6 da tarde) e outros em modo português (apareçam lá em casa a qualquer hora depois das sete) é que se pode ir a duas festas de anos numa noite só.
BOS.NY.BOS
Num dia cabe, não à vontade mas também não tão apertado quanto seria de esperar,
Boston-Nova Iorque-Boston. Isto são oito horas de viagem, mais, para a coisa valer a pena, pelo menos igual quantidade de tempo na cidade.
Por duas razões:
1. porque Nova Iorque é Nova Iorque é Nova Iorque e vale sempre a pena.
2. porque se uma amiga vem a este lado do oceano correr uma maratona, o mínimo que eu posso fazer é apanhar o autocarro para ir almoçar com ela.
Boston-Nova Iorque-Boston. Isto são oito horas de viagem, mais, para a coisa valer a pena, pelo menos igual quantidade de tempo na cidade.
Por duas razões:
1. porque Nova Iorque é Nova Iorque é Nova Iorque e vale sempre a pena.
2. porque se uma amiga vem a este lado do oceano correr uma maratona, o mínimo que eu posso fazer é apanhar o autocarro para ir almoçar com ela.
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