é a penúltima linha da minha morada, enquanto aprendo matemática no MIT.

segunda-feira, abril 30, 2007

agora a sério sobre as costelas partidas da minha mãe

(porque eu sei que os leitores são todos boa gente, e vão ficar preocupadíssimos por causa do post anterior)
A minha mãe caiu na banheira no princípio da semana, o que deu direito a uma manhã turística no hospital, para concluir que eram duas costelas partidas. E quando se partem as costelas, não há nada a fazer. Dói, muito. Mas passa sem se fazer mais nada. Mas enquanto não passa, dói. Muito. Portanto puseram a minha mãe a tomar comprimidos para as dores. Opiáceos. Pimba. Dois, de 4 em 4 horas, com recomendações para diminuir a dose quando conseguisse, que foi uns dias depois, quando as dores se tornaram preferíveis às náuseas causadas pelos comprimidos. Tirando isso, tudo fino. Fartaram-se de andar, estes dias todos. Andaram, andaram, andaram. Duas costelas partidas não afectam as pernas nem a vontade de passear. Se a palavra "estoicidade" não fosse tão feia, eu usava-a aqui. Assim, fica a intenção.

a minha mãe partiu duas costelas e anda a tomar comprimidos para as dores à base de ópio com uns efeitos secundários que vai lá vai

"Ópio bendito ópio minhas feridas mitiguei
Meu bálsamo para a dor de ser
Em ti me embalsamei
Ópio maldito ópio foi para isto que cheguei
Uma pausa no caminho
Numa névoa me tornei"

Rui Veloso, Logo que passe a monção.

despedidas

Chorei, claro que chorei, choro sempre nas despedidas. Pai, quando me telefonaste lá de dentro a dizer adeus só mais uma vez, depois de passarem a segurança, já eu tinha uma lágrima a escorrer pela bochecha. E depois, a mudar para a linha vermelha do metro em south station (agora vocês conhecem os nomes dos meus sítios), outra. E depois de jantar, em casa, a lavar a loiça, que foi a minha mãe que fez nestes últimos dias, outra. Tenho saudades vossas, já. Sim, sim, daqui a menos de um mês estou em Lisboa, mas mesmo assim. Tenho saudades vossas, já.

post que podia ter sido mas não foi

Se em vez de ter chovido na sexta, tivesse chovido na quarta, dia 25 de abril, teria sido esse o dia de os meus pais irem ao museu. E eu teria escrito:

O povo está no MFA!

domingo, abril 29, 2007

Bons dias

Céu nublado e um frio desgradável, mas...

... brunch num restaurantezinho de esquina, visita a um museu com um jardim interior lindo, chá nas alturas ao som de piano e saxofone, uma passagem pela biblioteca, as sobremesas mais bonitas da cidade, e o benfica-sporting no faialense sport club, no meio dos imigrantes, com tremoços, cerveja sagres e sumol de laranja. Depois, porque estamos quase no fim, as malas. Para o jantar, sopinha da mãe, pão caseiro e o resto da tarte de maçã. E o telejornal, e a conversa, e o chá, e bolachas no forno.

Dias bons.

sábado, abril 28, 2007

vá para fora cá dentro

Depois de vários dias a turistar Boston, os meus pais já sabem de cor e salteado como chegar ao metro, e em que carruagem entrar para ficar na saída mais conveniente para chegar a casa. Eu, que ando muito mais a pé e de bicicleta que de metro, ainda tenho que pensar sobre essas coisas. Mas pelo menos, como residente, sou capaz de ir planeando o itinerário enquanto vagueamos, e encaixar só mais isto e aquilo nos planos para o dia. Incluindo, confesso, passar no supermercado para comprar ingredientes para a minha mãe me deixar sopa feita.

quinta-feira, abril 26, 2007

bem-vindo

Ao meu primo mais pequenino que decidiu chegar ao mundo hoje, sejas muito bem-vindo. No que toca a família estás em boas mãos, não te preocupes, nós somos uns fixes. Espero que gostes disto por cá. A gente vê-se em junho, sim?

PS - Não percebo é que raio de ideia foi essa de nasceres no dia de anos da tua mãe. Agora nem tu vais poder ir jantar fora com os amigos para comemorar sem te sentires vagamente culpado, nem ela vai ter a atenção toda que merece no dia de anos dela durante um monte de anos.

PPS - É que começas logo a causar desacatos no primeiro dia em que cá estás. Eu não consegui falar com a minha prima nos anos dela para lhe dar os parabéns. E porquê? Porque ela estava a dar à luz vossa excelência. Mas pronto, como és novo aqui, e concerteza extraordinariamente adorável, estás perdoado.

quarta-feira, abril 25, 2007

25 de abril

Este ano, como no ano passado, há cravos vermelhos em minha casa.

25 de abril

Os meus pais procuraram-nos desde ontem, mas aqui não são como aí omnipresentes nesta altura do ano. Hoje vieram os dois ter comigo ao departamento com um ramo de flores na mochila.

Celebrámos os 33 do 25 com comida indiana entregue em casa e o filme que conta (um)a história. Falta-me ainda e sempre o descer a avenida, mas não me faltam os cravos vermelhos, nem as canções, nem a liberdade.

a tocar à hora do pequeno almoço

Tanto mar
(versão de 1975)*

Sei que estás em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim

Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor do teu jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar

Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim

Chico Buarque

*Na realidade, eu tenho é a versão de 1978.

domingo de primavera em nova inglaterra

orange lunch

motif no.1 (close)

rectangles

motif no.1 (far)

Espreitámos as bruxas, almoçámos lagosta sem glamour, entrámos nas lojinhas de Rockport. Quando voltámos para casa, o meu roommate, qual dona de casa dedicada, estava na cozinha a fazer o jantar, incluindo uma tarte de maçã à moda americana.

terça-feira, abril 24, 2007

bom tempo, pais e carro alugado

No sábado fomos para sul, no domingo para norte. Apanhei mais sol e ar fresco nestes dois dias que no semestre inteiro. A falta que não me fazia o bom tempo, os pais e um carro.

boy

rainbow kayaks

pier

Cape cod, cabo do bacalhau, o braço dobrado e nu de massachusetts, como ele diz.

sexta-feira, abril 20, 2007

a única coisa que eu vou dizer sobre a desgraça em virginia

Vou saltar por cima das coisas óbvias, das condolências e do choque. Mas o que mais eu queria dizer é que, por estes dias, a cnn.com é completamente inútil para obter notícias que não sobre este assunto. Que a fotografia do rapaz com armas nas mãos empurrou a notícia dos 127 mortos no iraque para a metade inferior da primeira página do NY Times. E que, dado o historial de falta de equilíbrio mental entre as pessoas que fazem matemática (no mit: um suicídio de um estudante há dois anos, um estudante internado num hospital psiquiátrico por comportamento violento no ano passado, um suicídio de um professor este ano), eu cheguei a temer que o rapaz fosse estudante de matemática...

quarta-feira, abril 18, 2007

o marroquino gay em nova iorque

A casa em nova iorque era um apartamento que alugámos a um marroquino, com tapetes luxuosos e mobília a mais, quadros gigantescos, uma meia dúzia tagines espalhados pela sala, meio escondidos por baixo de mesas e cadeiras, um cadeirão oferecido ao tal marroquino pelo rei de marrocos, que ele trata familiarmente por boss, e muitas fotografias, uma das quais do rei e outra dos village people (sim, sim, os do macho-man e do in the navy!) autografada por todos os elementos e com a dedicatória To his royal highness. É gay, só pode.

terça-feira, abril 17, 2007

nyc x 3

Fim-de-semana comprido em nova iorque, com os meus pais. Senti-me meio turista meio cicerone. Já me vou entendendo com a cidade, ainda que sempre com um mapa na mochila. Mas deve ser das cidades mais fáceis para andar sem mapa, tudo norte-sul ou este-oeste. Na 51 entre a 8ª e a 9ª. Na 42 com a 8ª. Mai' nada.

dad shaking

the island

floaty orange thing

after-flight smiles

Mas ser turista com os pais é diferente. Eles gostam de andar tanto como eu. Houve aí um dia, o único sem chuva, que o tempo tem estado uma desgraça, em que subimos quase meia manhattan a pé, a percorrer os vários bairros. Depois voámos 12 minutos contados, a ver a cidade de cima. Também é diferente porque os pais patrocinam, levam-nos a andar de helicóptero e assim. Vivo dividida entre nove meses de independência financeira por ano e três de patrocínio. Férias pagas é um luxo, eu sei e agradeço.

De mau, só a chuva e a gripe. Estou doentinha.

quinta-feira, abril 12, 2007

preparativos

Tive uma reunião com o orientador, entreguei os impostos, lavei roupa, limpei a cozinha e a casa de banho, fiz sopa para o jantar de amanhã, comprei leite para o pequeno almoço, pus o pão a descongelar. Estou pronta. Mãe, pai, benvindos a (esta) minha casa.

quarta-feira, abril 11, 2007

mulheres nuas

Às terças feiras à noite, aprendo a desenhar pessoas sem roupa.

charcoal

Numa das aulas a modelo era também contorcionista, e passámos a noite incrédulos a desenhar posições impossíveis. Noutra aula, o modelo era um senhor gordinho, e aprendi a desenhar barriguinhas. Descobri o segredo da curva da perna, mas ainda não me entendo com as mamas nem os pénis; parece-me que a curva da perna é mais importante para o desenho, de qualquer maneira. Mas confesso que nunca passei tanto tempo a olhar para a mama direita de uma mulher como ontem à noite (a do canto superior esquerdo, na fotografia).

domingo, abril 08, 2007

amêndoas

Houve ensopado de cabrito, folar, bebés, e crianças a correr pela casa. Até houve amêndoas, trazidas por uma mãe em visita. A minha chega na quinta feira, e também traz amêndoas.

páscoa

Por aqui, substitui-se como se pode a refeição pascal familiar, e almoça-se com o grupo de portugueses. Eu levo pão luso-americano, e espero que haja amêndoas, que ainda não as comi este ano.

quinta-feira, abril 05, 2007

*&%#&$*@?%*#%

Aaaargh, odeio os impostos estatais!
(portanto vou passar a noite de segunda feira no workshop de impostos para não-americanos)

quarta-feira, abril 04, 2007

?!?!?!!?!?!??!?!??

Neve? Neve?!?!? Está tudo louco. Retiro o que disse sobre a primavera.

o que é o que é

que dá conversa garantida nesta altura do ano neste país?
Comentar a chatice que é fazer os impostos. Por exemplo:
"Sabes que sou uma não-residente nos estados unidos, para os impostos federais, mas sou residente do estado de massachusetts, para os impostos estatais?"

terça-feira, abril 03, 2007

ainda o luto

Ainda sobre isto. Como disse ela, que é a minha prima por afinidade de terrinhas, e uma das duas pessoas com quem chorei sobre o assunto, um problema de viver isto assim à distância é que o luto fica meio feito meio por fazer.
É verdade.
Ainda no outro dia, ao telefone com os meus pais, sentados perto da lareira lá na terrinha com os meus tios, tive que sufocar um habitual "E o Titó, está bom?".

segunda-feira, abril 02, 2007

mais andorinhas

A andorinha de metal já aterrou nas traseiras da casa, mas há outros sinais de primavera. Outro é a chuva em vez da neve. Mas o melhor para o meu bolso é a conta do aquecimento a gás ter diminuído para metade.
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