é a penúltima linha da minha morada, enquanto aprendo matemática no MIT.

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

injustiça

Na antena 1, através do computador:

"A temperatura desceu ligeiramente, estão dezoito graus em lisboa"

Brincamos? Aqui estão dez graus negativos, neva desde ontem à noite, e aí a temperatura desceu para dezoito graus? Desceu?! Para dezoito graus?!

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

a fazer zapping encontro a rtp internacional

Está a dar o telejornal, fala de greves de professores e de agressões entre claques. Não lhe presto muita atenção, tenho coisas para fazer (sentada no sofá, compro varões para instalar nas janelas do meu quarto as cortinas que comprei há mais de um mês), mas gosto deste barulho de fundo, os sons de vozes portuguesas fazem-me sentir mais em casa, ainda.

Mas de repente, ouço as palavras "canalha republicano", levanto os olhos e vamos a meio de um anúncio a uma mini-série, "canalha republicano" é uma combinação de palavras tão improvável para eu ouvir aqui emigrada, que delícia, "canalha republicano", e a noção aguda de que não vou voltar a ouvir esta precisa combinação de palavras nos próximos tempos.

Está-me sempre a acontecer quando vou a Portugal. Da última vez que isso me aconteceu estava a atravessar a Rua Braamcamp e ouvi um homem a dizer ao telemóvel "alvará de construção". E aí está, a noção tão aguda de não voltar a ouvir essa precisa de combinação de palavras tão cedo.

"alvará de construção"
"canalha republicano"
"canalha republicano"
(sorrio)

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

o C. a aprender português 2

Ela é eletricista, ele é electricisto.

o C. a aprender português 1

"O presidente do portugal é um pato* e o presidente do brasil é uma lula."

*não sei porque é que lhe deu para isso

humor local 14

Lema da polícia americana: "To serve and protect" (Para servir e proteger)
Lema dos serviços audiovisuais do MIT: "To serve and project" (Para servir e projectar)

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

sao valentim

Jantamos na cozinha: restos de canja de galinha, pao e queijo. Mas 'a luz de velas, como convem.

terça-feira, fevereiro 12, 2008

quando está frio

1. espera-se até estar dentro dum edifício para tirar as luvas e apertar os atacadores dos sapatos
2. o fio do ipod congela e fica rijo (mas dá música à mesma)

parabéns-a-você

Hoje fizeram anos a minha grande amiga M., o Abraham Lincoln e o Charles Darwin.

De manhã telefonei à M. a dar os parabéns, à noite fui à festa de anos dos outros dois senhores.

caraças não se diz, caraças é no carnaval*

Tenho a dizer, meus senhores, que está um frio do caraças.



* era o que ralhava uma prima minha, muito miúda, já há anos.

auto-retrato


domingo, fevereiro 10, 2008

está a nevar e eu só me consigo rir

Estou sentada à secretária em frente à janela, a preparar uma aula. Lá fora neva, tudo normal, é o costume, neva e eu estou habituada, a neve é só mais um facto da vida.
Mas depois os flocos ficam cada vez maiores, e começam a mudar de direcção, neva para a esquerda, neva para a direita, neva para baixo e por uns segundos até neva para cima, a capricho do vento, e os flocos cada vez maiores, cada vez maiores. Eu sento-me em cima da secretária para ver a janela toda, e não consigo conter o riso, de repente a neve é uma coisa tão absurda, não faz sentido nenhum, flocos grandes brancos a cair do céu em todas as direcções, não é chuva, não é granizo, é tão cómico e tão inesperado e tão absurdo.

Se calhar a neve nunca vai ser só mais um facto da vida.

Ainda bem.

já tenho máquina fotográfica outra vez



quinta-feira, fevereiro 07, 2008

os cereais já chegaram

falta a máquina fotográfica.

Nem acredito que tenho 12 caixas de cereais na dispensa. É que quase não cabe lá mais nada...

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

conversas ao jantar com a minha família canadiana 2

Dez anos depois, eles lembram-me de como a comida foi um choque cultural para mim. De como eu adjectivei os hábitos culinários daquela família como eating out of a box, comer a partir de uma caixa, porque em todas as refeições a salada vinha de um saco, a carne de uma caixa, as batatas eram pré-congeladas e aí por diante.

Dez anos depois, comigo a viver e a cozinhar por mim, eles perguntam-me como cozinho agora. Respondo que cozinho. Cozinho jantares e levo almoços em taparueres para a escola. Cozinho sopa muitas vezes, e sem ser de uma lata.

Sem ser de uma lata?!, pergunta a J., que eu acho que nunca comeu uma sopa feita em casa na vida. Então é feita como?!

J., querida, uma panela, água, sal, batatas, cenouras e outros vegetais, a sério, não é muito complicado.

conversas ao jantar com a minha família canadiana 1

(de há umas semanas)

A J. pergunta-me o que é que eu faço na escola, se tenho muitas aulas e trabalhos de casa. Digo-lhe que não, que quase não tenho aulas nem trabalhos de casa. Ela pergunta-me o que faço então o dia inteiro na escola.

Respondo-lhe simplesmente: penso. (a sério, é isso que eu faço)

E ela, para quem a conversa até agora foi fácil e leve, pára com o garfo a caminho da boca, abre os olhos arregalados de espanto, pensas?!

terça-feira, fevereiro 05, 2008

calhou bem ser no carnaval, calhou

Esta manhã, antes de irmos para a universidade, fui com o C. à secção de voto, observar a maneira americana de fazer as coisas. Falo apenas sobre uma secção de voto, mas falo do que vi. Foi uma desilusão. Aqui brinca-se às eleições.

Chegamos à sala de voto e eu paro discretamente à entrada, este não é o meu país, não quero desrespeitar ninguém. O C. entra e diz o nome e a morada, e qual é o partido em cujas primárias vai votar. Não lhe é pedida nenhuma forma identificação. Nenhuma forma de identificação!

Entretanto, uma das senhoras da mesa de voto vê que eu cheguei com o C. e pergunta-me se eu não vou votar. Não, não sou americana. A senhora, prestável, convida-me então a entrar para ver melhor, e se não quero entrar no cúbiculo com o C. para o ver votar. Se eu quero entrar no cubículo? Não, não! Digo qualquer coisa sobre privacidade, e ela insiste, e eu, não, não quero, obrigada. O C., que não foi consultado sobre esta possibilidade de me ter a espreitar por cima do ombro enquanto vota, olha para mim com um misto de incredulidade e alívio. Apesar de eu saber a intenção de voto.

Enquanto o C. vota, sozinho, no cubículo, a senhora prestável mostra-me os boletins de voto, longos e vagamente confusos, e afinal -- ninguém falou sobre isto nos meios de comunicação, mas possivelmente é hábito -- há mais coisas em que votar do que só nas primárias presidenciais (este é o boletim de voto da cidade ao lado de Cambridge, este tem setas para completar, o de Cambridge tem ovais para preencher).

É Carnaval, ninguém leva a mal?

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

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